Mamãe, ainda é ruim te chamar assim? Qual a relação que nós mantemos com essa infância dentro de nós, onde mães e Georginas, serão sempre Mamães?
Existe sim essa ligação umbiliexistencial com as mães, não é? É estranho pensar que aquela pessoa que nos educa e torce pelo nosso crescimento se importa tanto com alguém que não seja ela mesma. Talvez o egoísmo e a hipocrisia não conseguem atingir a mãe. Porque em todas as outras esferas da humanidade eles estão presentes.
Isso tudo parece uma visão meio romântica e cafona sobre a maternidade, mas não é. Não é porque eu não acho que seja o amor que mantém e que cria essa relação entre mãe e filho, mas a projeção do sangue materno no espírito de um ser humano em eterna formação física e psicológica. Essa projeção nem sempre se dá no nascimento, as vezes as mães chegam atrasadas, mas na hora certa, na vida dos filhos que não nasceram delas (mas com elas), e dão o sangue mesmo assim.
Dar o sangue foi o que você me ensinou dentre muitas outras coisas que eu ainda não consegui aprender. Dar o sangue pelos outros, dar o sangue pela honestidade e pela alegria. Sofrer para ser feliz e ser feliz sofrendo. Poderia listar as milhões de coisas que você me ensinou, mas isso todo mundo sabe e isso ainda não é o ponto principal dessa nossa relação.
Esse capilar flexível que nos conecta é o mesmo que nos liberta um do outro; é dessa liberdade de ser quem eu quero e você ter sido quem você quis, que nos faz parceiros, nos faz presentes. Saber que eu posso caminhar longe e pra longe de você é justo o que me mantém do seu lado.
Te amo por aquilo que você se tornou e por me mostrar que ninguém nasce assim, se torna. Te amo por esse se tornar, a perfeição em não nascer pronto, em poder escolher o caminho que for para onde for.
Aniversário é isso, então? um dia para se agradecer a presença do outro?
Talvez...Para mim, aniversário é o dia para perceber como, quando e por que essa pessoa existe para você.
Você existe.
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