Há algo de inconstante
em sua beleza, alguma coisa que me atrapalha os sentidos, que muda meu
itinerário. Acontece que ela, a sua beleza, tá sempre em água corrente, mudando
e limpando a imagem anterior. Não é como aquela beleza redonda de revista e de
tv, que cansa, que acaba, que você para de descobrir.
A beleza descoberta
todo dia na mesma pessoa é algo que me intriga. Sim, porque não sei se posso
dizer que me encanta, não me faz bem; me perturba o sono. Tanto que te escrevo
a essa hora. Essa coisa de experimentar a beleza de alguém mesmo em sua
ausência, mesmo em suas faltas é meio assombrosa. Não gosto de me sentir
perseguido, principalmente por algo que não me diz respeito.
Talvez realmente tenha
algo a ver comigo. Quero dizer, você obriga todo mundo a ter alguma coisa a ver
com a sua beleza, com o seu sorriso. É esse lance narcísico de sorrir só para
ver quantas pessoas vão parar para olhar. O que você não sabe (ou que talvez
cruelmente saiba) é que essa sua brincadeira prende.
Você não sabe que uma
beleza que não é sua, que não é nem próxima de você, pode doer tanto, não é? É
algo que dói logo no olhar. Logo no primeiro contato. Pois quando você vê, você
sente: Vicente.
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