quinta-feira, 1 de maio de 2014

Vi Cente

Há algo de inconstante em sua beleza, alguma coisa que me atrapalha os sentidos, que muda meu itinerário. Acontece que ela, a sua beleza, tá sempre em água corrente, mudando e limpando a imagem anterior. Não é como aquela beleza redonda de revista e de tv, que cansa, que acaba, que você para de descobrir.

A beleza descoberta todo dia na mesma pessoa é algo que me intriga. Sim, porque não sei se posso dizer que me encanta, não me faz bem; me perturba o sono. Tanto que te escrevo a essa hora. Essa coisa de experimentar a beleza de alguém mesmo em sua ausência, mesmo em suas faltas é meio assombrosa. Não gosto de me sentir perseguido, principalmente por algo que não me diz respeito.

Talvez realmente tenha algo a ver comigo. Quero dizer, você obriga todo mundo a ter alguma coisa a ver com a sua beleza, com o seu sorriso. É esse lance narcísico de sorrir só para ver quantas pessoas vão parar para olhar. O que você não sabe (ou que talvez cruelmente saiba) é que essa sua brincadeira prende.

Você não sabe que uma beleza que não é sua, que não é nem próxima de você, pode doer tanto, não é? É algo que dói logo no olhar. Logo no primeiro contato. Pois quando você vê, você sente: Vicente.

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